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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mãe passei no vestibular mas será que vou concluir o curso?



Dia feliz! Trote na Letras da UFRJ.
Bom enquanto durou.

Agora é oficial. Não sou mais aluno da Letras UFRJ.
Hoje vi no site de sistema da Ufrj (SIGA), que fui jubilado. Matrícula cancelada e nem fui eu quem cancelou.
O aluno de baixa renda que, beneficiada ou não por cota social, passa no vestibular de uma universidade pública. Imagina ter uma oportunidade de ascender, intelectual e profissionalmente. Quando entra, no entanto, encara exigências financeiras acima do razoável. Sem falar nas condições das universidades públicas que sem investimentos estão cada vez mais sucateadas. Não há investimentos dos governos na educação e sim cortes e mais cortes. A assistência estudantil não funciona, é uma grande balela e as poucas bolsas requerem um histórico acadêmico livre de reprovações. Bolsa de pesquisa é para poucos.
Faço parte de uma multidão que não tem assistência estudantil e não consegue se manter na universidade seja por falta de dinheiro pra pagar passagens de ônibus, livros, xerox, alimentação, ou por doença causada pela FALTA de dinheiro e outras questões objetivas e subjetivas da vida material.
Tamanha onerosidade dá ao ensino superior brasileiro um caráter socialmente excludente. Apenas quem possui renda familiar razoável ou acima do razoável tem acesso amplo a um bom estudo numa universidade, ainda que pública e sem mensalidades. Mas para a maioria das pessoas torna-se proibitivamente difícil alcançar a formatura com um histórico acadêmico impecável.
Pode-se pensar na possibilidade de trabalhar enquanto estuda. Mas esta também é uma hipótese marcada por limitações. Muitos cursos não têm disponibilidade do turno à noite e vários são de horário integral (turno duplo).
Mesmo quando se consegue uma conciliação de cargas horárias entre trabalho e estudo, o emprego pode se chocar contra a ocasional exigência de estágio obrigatório.
Essa realidade dispendiosa da vida acadêmica no Brasil reafirma que o ensino superior é socialmente excludente, se não proibitivo.
Enquanto a educação no Brasil agoniza, a União Nacional dos Estudantes-UNE recebe milhões dos governos Lula e Dilma para aplaudir de pé os cortes de verba na educação.

Da luta não me retiro!
Por uma universidade pública, gratuita e de qualidade!
10% do PIB pra educação!

Denilson Prata
ANEL-RJ